sábado, 15 de outubro de 2011

O desejo, o mar, o amor

Ela sempre desejou o quase impossível. Nunca se conformou com as trivialidades da vida, dos relacionamentos, daquilo tudo que a maioria sempre achou normal. Cultivava dentro de si a certeza de que alguém ou algo especial estava reservado para ela. E assim foi, mesmo que inconscientemente desde o seu nascimento até a sua feroz juventude, da época em que se tem pressa para que tudo aconteça de uma só vez. Sofreu desilusões, chorou paixões, comemorou alegrias, brindou amizades, viveu aventuras... mas nada fez apagar o seu sonho demorado e infinito que carregava em seus sonos intranquilos. Assistiu vários nascer e por de sóis, imaginando no horizonte a chegada de um barco trazendo seu forasteiro, aquele a quem já amava imensamente. Apegou-se à sua esperança e fez dela o caminho para encontrar o seu amado. E no mar de ventos fortes, tempestades intermináveis e seu próprio naufrágio, eis que surge uma luz em meio das nuvens cinzentas da sua vida. Enfim aportou no cais do seu amado, e em seu barco e mar de águas calmas quis velejar, para nunca mais encontrar de novo o porto da solidão.

2 comentários:

  1. belo texto, palavras fortes, sensíveis, sensatas, intranquilas... curti o contraste!
    gran abraço!

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  2. Valeu, Omar! Grande abraço pra você também!

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